A polêmica da internação compulsória de usuários de crack
Atualmente estão previstos três tipos de internação: voluntária, involuntária e compulsória. A primeira pode ocorrer quando o tratamento intensivo é imprescindível e, nesse caso, a pessoa aceita ser conduzida ao hospital geral por um período de curta duração. A decisão é tomada de acordo com a vontade do paciente. No caso da involuntária, ela é mais frequente em caso de surto ou agressividade exagerada, quando o paciente precisa ser contido, às vezes até com camisa de força. Nas duas situações é obrigatório o laudo médico corroborando a solicitação, que pode ser feita pela família ou por uma instituição. Há ainda a internação compulsória, que tem como diferencial a avaliação de um juiz, usada nos casos em que a pessoa esteja correndo risco de morte devido ao uso de drogas ou de transtornos mentais. Essa ação, usada como último recurso, ocorre mesmo contra a vontade do paciente.
Alguns apontam arbitrariedade nessa internação, outros mostram-se favoráveis. Qual a sua opinião? Você é contra ou a favor da internação compulsória de usuários de crack?
Sou favorável a internação compulsória, mesmo existindo a possibilidade dela antes do projeto de lei do Alckmin. Alguns indivíduos não têm o discernimento necessário para saber que realmente necessitam de ajuda. O fato para o qual o governo não pode tapar os olhos é que não temos infraestrutura para abrigar tantos usuários de drogas ou pessoas violentas, o que acontecerá na verdade é uma limpeza pseudo-étnica das pessoas que vivem na cracolândia por exemplo, e serão despejadas em unidades hospitalares sem receber qualquer tipo de tratamento.
Ou até mesmo não terão vagas.
A minha opinião é a seguinte. Sou favorável à internação, desde que haja o tratamento e local adequado para atender ao público que necessite de tal ação. O que atualmente, convenhamos, próximo a copa, é apenas uma medida de limpeza das belas ruas de nossa cidade…
Concordo com maiadenise2013 pois quem está no vício do crak já não conseguem ter domínio de si, portanto alguém da família ou quem seja, de forma educada precisa tomar a frente e decidir por eles, se não como disse maiadenise2013. “Ou vamos continuar criando novas cracolândias”.
“Os defensores da internação compulsória afirmam que o consumo de drogas aumentou no país inteiro e são poucos os resultados das ações de prevenção ao uso. A proposta tem o apoio do ministro da Saúde Alexandre Padilha, que acredita que profissionais da saúde poderão avaliar adultos e crianças dependentes químicos para colocá-los em unidades adequadas de tratamento, mesmo contra a vontade dessas pessoas. O ministro acrescenta que a medida já é praticada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Conselho Federal de Medicina (CFM) também é a favor da medida. Durante a reunião de apresentação do relatório de políticas sociais para dependentes de drogas, o representante do CFM Emmanuel Fortes corroborou a proposta de internação compulsória nos casos em que há risco de morte, ressaltando que a medida já é praticada no país.”
Vejam a internação ocorrerá em casos de riscos de morte
Vamos continuar criando novas Cracolâncias? Devemos aceitar que pessoas continuem aceitando a morte como única condição após viciar-se em drogas? O caso recente do cantor Charlie Brown Junior não seria algo a se pensar? Segundo o depoimento da esposa dele, ela era favorável à internação dele, diferentemente da escolha dele.
O usuário apenas será internado se houver um laudo médico. Ninguém passará por esse processo de maniera arbitrária.
Não é arbitrário legislar sobre a vida do outro, isso é saúde pública ou represália?
Quando um indivíduo está privado de suas faculdades mentais, devemos deixar que ele tenha essa liberdade de escolha, Dienbinsken?
Há evidência cabal que as faculdades mentais deles estejam privadas? dessa forma qualquer um déficit mental estaria internado?
O projeto prevê a internação somente após a apresentação de um laudo médico.
A partir do momento que o sujeito não sabe nem quem ele/ela é, creio que medidas drásticas(?!) devem ser tomadas.
É isso aí, turma !!!!
Acredito que quem está na situação de completa dependência não tem o poder de discernir o que é melhor para si. Parte o coração vermos imagens de pessoas parecidas com zumbis, com seu trapinho de cobertor se arrastando pelas ruas, passando fome, frio….Se houver o mínimo de compaixão por parte dos “sãos” esse é um programa que vale a pena ser investido.
Cada caso é um caso… precisa ser analisado com muito cuidado…
Segundo estatísticas o usuário de crack não tem discernimento da realidade então se nós que temos discernimento do certo e errado não tivermos atitude quem terá ??? Ou faremos internações compulsória ou o Brasil se tornará um The Walking Dead teremos um Brasil cheio de zumbis. Hello !!! acorda Brasil !!!
Uol… um pouco longe na ideia de que “nós, pessoas saudáveis e responsáveis, sempre super conscientes de nossas ações” temos cacife para decidir pelos “inválidos e desmiolados, pessoas sem discernimento da realidade”. São as pessoas “saudáveis”, não usuárias de crack, realmente aptas a decidir entre o bem e o mal? Entre a realidade e o que estaria fora dela? Entre o certo e o errado? Dividir situações tão complexas dessa maneira, baseada em visões maniqueístas (na qual você é centrada e consciente e decide pelo resto da sociedade que não se encaixa nos seus padrões de normalidade) é um tanto perigoso e simplista…
As pessoas tendem a aceitar medidas restritivas de liberdade quando é em relação ao outro. Lutamos muito para construirmos uma sociedade na qual o Estado não interfira tão violentamente nos direitos subjetivos do indivíduo, mas permite-se que em certas situações isso seja flexibilizado, assim há de fato liberdade de escolha? É então positivo o fato de medidas restritivas conviverem com o que chamamos de democracia?
Quando um indivíduo está privado de suas faculdades mentais, devemos deixar que ele tenha essa liberdade de escolha, Dienbinsken?
parto do principio algo tem que ser feito para que todos encontre o melhor caminha para a cura, não adianta ficarmos apontando e falando e não ter um ideal positivo
Sergio Qual seria o ideal positivo, em seu ponto de vista? Existe esperança no fim do túnel?
Pessoal, vejam o que pensa o Dr. Drauzio Varela sobre essa questão
Sou a favor da internação compulsória dos usuários de crack, que perambulam pelas ruas feito zumbis. Por defender a adoção dessa medida extrema para casos graves já fui chamado de autoritário e fascista, mas não me importo.
“A você, que considera essa solução higienista e antidemocrática, comparável à dos manicômios medievais, pergunto: se sua filha estivesse maltrapilha e sem banho numa sarjeta da cracolândia, você a deixaria lá em nome do respeito à cidadania, até que ela decidisse pedir ajuda? De minha parte, posso adiantar que fosse minha a filha, eu a retiraria dali nem que atada a uma camisa de força.
Para lidar com dependentes de crack é preciso conhecer a natureza da enfermidade que os aflige. Crack é droga de uso compulsivo causadora de uma doença crônica caracterizada pelo risco de recaídas.”
Acredito que a questão que deve ser levantado é sobre a autoridade do Estado em fazer tão ação. A necessidade desses usuários vem de muito antes deste estágio extremo de “perambular por sarjetas”, cabe ao Estado fazer o seu papel desde o início, disponibilizando educação e informação. Que há a necessidade de fornecer tratamento a essas pessoas é algo inquestionável, o que não pode ser desconsiderado é o caminho anterior a esse momento, no qual o Estado muito pouco intervem.
Você acha que o Estado deve ser sempre o responsável por todas as internações e resolver todos os casos?
O indivíduo não responde por si, então ele precisa de um ” empurrãozinho “. Se essa for a saída ok!
E se o indivíduo não quiser o empurrãozinho? Como poderia ser feita essa internação? Seria bom ser obrigatória, ?
Acredito que todo tipo de medida compulsória – principalmente em caso de extrema complexidade como esse – pode gerar um agravamento da situação. O indivíduo – seja ela usuário de crack ou não – tem o direito ao seu livre-arbítrio e com isso, tem o direito de tomar as suas próprias decisões, como a de negar o tratamento caso ele queira.
É evidente que em algumas situações o indivíduo não tem condições de praticar o seu direito de escolha, mas não acredito que ter o Estado tomando essas decisões seja a opção mais coerente.
Acredito que seja a melhor solução quando se trata de um paciente totalmente viciado e já nem sabe mais o que faz. Se é para salvar, então sou totalmente a favor.
lucianabatista2 Você acha que o viciado pode voltar a ser responsável ?
Sou contrário. Essas questões que envolvem ética e direitos individuais são, no Estado de São Paulo, resolvidas com prisões, mortes, e toda sorte de medidas que tenta “esconder” o problema. Não se quer debater e agir preventivamente, a preferência é por instaurar medidas paliativas que visam criação de serviços e equipamentos que justifiquem os gastos com tal malfadada política. A resolução do problema fica sempre em segundo plano.Assim dá para gastar mais e mais…
Sou a favor de qualquer tipo de internação que seja necessária. Já vivenciei isso em pessoas próximas e sei o quanto é difícil decisões deste tipo. Mas se uma decisão não for tomada, quem poderá ajudar e ser ajudado?
Transtornos mentais para mim não tem nada a ver com uso de drogas neste caso. Hoje em dia é fácil racionalizar um crime por exemplo alegando que o sujeito teve um surto psicótico, isso é um absurdo!
Dependendo do caso, a internação compulsória é a unica alternativa para a pessoa conseguir se salvar.
Será realmente a única alternativa? Assim como para muitos, melhor também seria que o jovem infrator pudessse ser engaiolado em prisões: afastar o problema parece para muitos a única opção de salvar a pessoa dela mesma, quando ela já não pode responder por si mesma. Internações compulsórias para salvar o mundo então?
diego, você acha que a internação compulsória, nos moldes do projeto que o Governador Alckimin criou, resolveria todos os casos?
Acho que a questão é: fuinciona? Penso que não. O dependente internado dessa forma pode ficar numa clínica por meses, e, quando sair de lá, retomar seu vício. Acho mais importante medidas de reinclusão de ex-dependentes, e acompanhamento permanente aos que tentam largar o vício.
O projeto de internação compulsória foi criado, mas realmente, não previu todas as alternativas, por isso, não conseguiu resolver todos os problemas . Hoje, com os novos estudos, percebe-se que a solução seria manter o usuário em seu lar e levar até ele o tratamento como:acompanhamentos médicos e remédios. E até mesmo a família deveria ser tratada. O que vocês acham desse novo método?